Não é novidade – a indústria dos eventos já está na vanguarda da transformação digital e os exemplos e casos de sucesso inspiram e desafiam a fronteira das possibilidades todos os dias – desde as interações dos participantes, networking e prospeção comercial em feiras profissionais, aos formatos alternativos de realização de eventos. Será que podemos assumir o futuro dos eventos como phygital? Se sim, como podemos tirar partido da transformação digital para impulsionar as vendas?
Em busca de uma visão externa e especializada, decidimos entrevistar Alina Lehtinen-Vela, Content Marketing Manager na giosg e também especialista em eCommerce. E a grande questão colocada em cima da mesa foi como e de que forma seria viável transformar um evento presencial numa experiência de compra online. Vamos ver as respostas?
1. Como imaginas a experiência de compra do consumidor durante um evento presencial nos dias de hoje?
Os consumidores esperam mais das interações online e offline. O futuro do retalho vai passar por reter o melhor dos dois mundos e trabalhar a sua coexistência para entregar uma experiência memorável. O termo que melhor descreve esta combinação entre o físico e o digital é o phygital, e tem por base o relacionamento com clientes em múltiplas frentes. Já vemos isto a acontecer com os retalhistas. Muitos estão a trazer elementos digitais para as suas lojas físicas. Um bom exemplo disto é a Levi’s que incorporou ecrãs táteis digitais em alguns dos seus pontos de venda abertos ao público. Estes ecrãs guardam dados valiosos sobre que tipo de jeans as pessoas estão à procura, podendo ser usados para registar que outros itens as pessoas estão à procura naquela loja ou localização específica.
2. Qual é a tua percepção sobre como a transformação digital pode revolucionar a customer journey e os processos de venda em eventos B2B?
A digitalização trouxe consigo novas ferramentas para as empresas B2B apresentarem os seus produtos em eventos, de forma alternativa e mais interativa. Por exemplo, na giosg temos conseguido fazer demonstrações dos nossos produtos em eventos presenciais com a ajuda da tecnologia para eventos. Acreditamos que a representação visual dos produtos e da forma como podem ajudar os clientes a atingir os seus objetivos é uma ferramenta extremamente poderosa para as vendas. Por isso, acredito que a transformação digital da indústria dos eventos tenha ajudado outras empresas B2B a aumentar o valor médio das encomendas em comércio eletrónico.
3. Acreditas que a metodologia ROPO (Research Online, Purchase Offline) pode ver o seu paradigma invertido no contexto das feiras profissionais e eventos de lançamento de produto?
Eu acho que isto já está a acontecer. A personalização da experiência de compra online é uma das tendências mais promissoras do comércio eletrónico. Muitas pessoas, incluindo eu, tendem a “namorar” os produtos em lojas físicas, mas depois acabam por comprá-los online. Especialmente com certos produtos de alto valor, os clientes tendem a querer experimentar o produto ao vivo antes de o comprarem. A Apple faz este tipo de eventos de lançamento com bastante sucesso. Todos os fãs da Apple sabem que a marca lança novos produtos no Outono. Inclusivamente, as lojas da Apple promovem a experimentação dos produtos nos seus eventos de lançamento. E aposto que muitas dessas pessoas acabam por comprar o produto online depois de o experimentarem ao vivo.
4. Como achas que uma plataforma de eventos pode proporcionar experiências mais personalizadas e contribuir para um modelo de compra híbrido?
As interações são a chave para estabelecer uma ligação com o público. É importante usar as ferramentas certas para melhorar a experiência e a taxa de participação em eventos. Isto é especialmente importante para eventos que são total ou parcialmente virtuais. Apostar em quizzes, sondagens e gamificação é uma forma interativa de manter o interesse do público entre sessões. Além disso, garante que o conteúdo é altamente personalizado aos vários tipos de audiência, educando sobre os tópicos de maior interesse. Para isso, é preciso uma pesquisa inicial sobre a audiência ou a obtenção de feedback antecipado. Por exemplo, podemos pedir aos participantes para selecionarem tópicos específicos que lhes suscitem maior interesse. E depois podemos usar esses dados para averiguar quais os participantes mais interessados nas problemáticas que uma determinada solução ou produto pode resolver. Desta forma, é possível vender mais rápido e de forma mais relevante em eventos.
5. Quais achas que são as melhores ferramentas interativas para impulsionar e medir a taxa de conversão de clientes em eventos presenciais?
Isso depende sempre do que se está a vender. Uma ferramenta fantástica que experimentei recentemente num evento em Estocolmo, promovida por uma marca de roupa, permitia desenhar e imprimir a tua própria mala ou t-shirt no local. Acho que este tipo de experiência interativa, que combina ferramentas de design virtual com uma impressora física, pode ser mesmo muito convincente. A venda de um produto não pode ser mais personalizada do que isto.
6. De que forma podemos transportar os benefícios da experiência de eCommerce para um evento presencial?
Podemos fazer um evento ao vivo com transmissão em live streaming. Desta forma, podemos vender tanto física como digitalmente. Ter uma audiência mista torna o evento mais entusiasmente para aqueles que estão a assistir online também. Além disso, ferramentas de RA (Realidade Aumentada) que combinam o mundo real com elementos digitais, podem ajudar a criar experiências memoráveis num evento presencial. Com as ferramentas de RA é possível que os visitantes de um evento experimentem produtos virtualmente, ainda assim no mundo real.